sábado, 29 de novembro de 2008

Conflito? Crise?

Aqui estou, escrevendo mais um post. Pensando se alguem em algum dia irá ler este blog. De qualquer forma eu insisto; permaneço teimando em escrever, quase que expressando aquilo que eu sinto.
Na verdade o que venho informar é um conflito de fé. Calma. Antes que alguém se preocupe comigo eu já informo que sou e sempre serei apaixonado por Cristo. O que tem me levado a essa espécie de crise - uso a palevra num sentido mais restrito, já que não me refiro a nada de grandes proporções - tem sido o confronto de um antigo modo de pensar, um antigo paradigma com as idéias defendidas por pessoas como Ricardo Gondim, Ed René Kivtz, Brian D. McLaren e William P. Young (A Cabana). Tudo isso envolve alguns pontos básicos: a criação, o final dos tempos, o Reino de Deus e nosso propósito enquanto estamos nessa terra.
Eu diria que tenho encontrado pontos de divergência com o pensamento reformado. Vejo, por exemplo, que não são compatíveis com minha visão de mundo o calvinismo no ques se refere à predestinação. Na verdade eu fico entre os outros dois pontos de vista: o arminianismo e o teísmo aberto (sem bem que acho que exista uma espécie de meio termo entre esses, em outro post eu poderia tentar explicar isso). Além disso eu sou, do ponto de vista socio-econômico, liberal. Não consigo ver o mundo sob o paradigma marxista no qual a história é formada - quase que maniqueítamente - por oprimidos e opressores, uma sucessiva luta de classes. Acredito na "utopia" do mercado como um ótimo agente auto-regulador. Creio que, se não fossem a falta de ética e de moral presente nas iníquas ações do ser humano, que acabam por gerar as falhas de mercado, o mercado traria benefícios para todos em uma sociedade não-igualitária mas onde a miséria também não exisitiria (faz-se distinção aqui entre pobreza e miséria; esta última, inaceitável).
Em outro post eu comentarei a respeito de outros aspectos dessas minhas confusões. Vou me focar apenas no que diz respeito à missão da Igreja aqui na Terra. Estive sempres pensando da seguinte forma: estamos na Terra que foi amaldiçoada devido ao pecado do homem. Dessa forma, ao sermos salvos, somos livrados deste mundo e passamos a esperar a nossa nova pátria,o Céu. Este pensamento está absolutamente correto, afinal esa é a promessa da Bíblia e, como expressa brilhantemente C. S. Lewis, "se eu encontro em mim desejos que nada nessa mundo pode satisfazer, a conclusão mais lógica é que eu não fui feita para esse lugar" (mais ou menos assim a frase rs). Apesar de correto, ainda há uma questão a ser repondida: frente a isso, qual é o meu relacionamento com o mundo em que eu vivo? Qual a minha posição frente a assuntos como cidadania, aquecimento global, injustiça social? Diante da certeza de que vamos para o céu, como diz Brian Mclaren há um risco de criarmos um "escapismo", abandonando essa terra em desastre. Não concordo com essa frase de Ed René Kivtz "a grande tentação enfrentada pelo ser humano é negar a existência ou valor da Terra amaldiçoada e fugir de volta para o paraíso" (Vivendo com Propósitos - Editora Mundo Cristão). Abre parênteses. Amo as pregações, livros e mensagens do Ed René. Acho seu jeito de expor o evangelho se utilizando da sociologia, piscologia e do pensamento pós-moderno muito excelente e muito inteligente. Fecha parênteses. Ainda assim, não concordando com a frase, não posso negar que ele está certo ao menos em parte.
Esse é um dos pensamentos que gira em torno da Emergent Church, da Missão Integral e do projeto do United "The I Heart Revolution". Um pastor de uma igreja bem pós-moderna, que busca alcançar jovens e pessoas que não se adaptam ao esquema normal de cultuar a Deus nas igrejas, em seu livro "Velvet Elvis" também segue esse raciocínio. Fala-se de um ideal de transformação e reconstrução do mundo ao invés de abandoná-lo.
Esse pensamento é muito atacado pelos setores mais fundamentalistas, e há, relamente, muitas passagens bíblicas que iriam de encontro a esse pensamento. E quando Pedro (se não me engano) diz em sua carta que esse mundo terminaria com fogo? E os escritos apocalípticos que não parecem denotar uma reconstrução? E o fato de Jesus ter dito que antes de sua volta haveria caos, guerras e fome enormes ao invés de paz e harmonia, segundo o pensamento reconstrucionista? É muito complicado.
Ainda assim, como Ed René expõe em seu livro "Vivendo com Propósitos", há desde o Gênesis uma responsabilidade outorgada ao homem para cuidar da Terra. Apesar de, segundo o que creio, o mundo caminhar rumo a destruição - e convenhamos que as notícias dos jornais demonstram isso -, Jesus havia relatado sobre julgamentos que Deus faria aos homens no final do tempos de acordo com fatores tanto como sociais.
O que fazer então? Concordo plenamente com a frase de C. S. Lewis : "tudo o que não é eterno é eternamente inútil". Ainda assim, acho que a igreja deve ter uma ação social efetiva no mundo. Não somente acho, tenho certeza. A questão porém é a motivação. Deveriam essas ações sociais ser promovidas apenas com o pretexto de evangelização? Ou será que essas ações também teriam um valor intrínseco apenas pelo fato de alterar a condição social de uma vida, bairros ou comunidades (não deixando de lado a apresentação do evangelho e da salvação em Cristo)?
Antes de terminar quero falar a respeito do projeto The I Heart Revolution. Ele visa promover ações sociais, sendo a solução para esse mundo (ponto de questionamento, apesar de concordar parcialmente e apoiar esse ideal) e proclamar o evangelho de Cristo.
Concluindo - ainda que apenas parcialmente -, eu reitero que concordo com a frase de Lewis, "tudo que não é eterno é eternamente inútil". A questão é que nossas ações, ainda que sociais, podem ter um peso eterno. O que falar de um garotinho na África que, através de um projeto social, teve como VER o amor de Cristo nas ações e, então, pode aceitá-lo como Salvador? O projeto foi uma demosntração de amor, que colaborou para que a pessoa cresse que Deus se tornou homem, para morre na cruz pelos NOSSOS pecados. Nesse caso, não vejo como possível construir o Reino de Deus aqui na Terra, não pelos esfoços humanos (ou seja: discordo do Brian McLaren), mas creio que devemos não apenas falar desse Reino, e sim fazer um sinal histórico dele aqui na terra. Dentro da história o Reino de Deus deve ser sinalizado, dessa forma todos o verão e poderão crer que o Céu existe. As questões ambientais são mais complicadas, mas ainda assim grande parte do que foi ditno nesta conclusão se encaixaria também em termos ambientais. Afinal Deus criou a Terra. Amamos sua criação. Amamos, então, a natureza; sabendo que um dia, no Céu, a natureza será libertada da corrupção, da morte e da degradação.
Phillip Yancey em seu livro "Descobrindo Deus nos lugares mais inesperados" (publicado pela editora Mundo Cristão) tem a mais sensata posição que encontrei a respeito de nossa responsabilidade, escapismo, reconstrucionismo e final dos tempos: "Tais políticas confundem o nosso papel com o de Deus. Os profetas também profetizaram a crucificação, mas isso não significa que os seguidores de Jesus deveriam ter ajudado a pregá-lo na cruz. O Novo Testamento fala de um anticristo, mas não votarei conscientemente nele mesmo que fazendo isso possa apressar a Segunda Vinda. Apesar de ter alguns palpites a respeito do futuro, preciso viver no presente, tratando a terra e seu povo com o mesmo amor e cuidado que Deus investiu neles ao criá-los, agindo de acordo com minha fé em que Deus algum dia restaurará a terra a esse estado de graça" (pag. 205 do livro que citei).
Termino falando que vejo um viés de esquerda permeando alguns ideais teológicos-sociais. Isso de certa forma me icomoda. Não que eu não aceite os de esquerda, pelo contrário, essa é uma visão de mundo possível e muito coerente em certos aspectos. Além do mais a igreja não deve ter posição política, nem de esquerda nem de direita. Ela deve ser um Lar que aceite a todos. Eu apenas quero destacar que é possivel ser capitalista liberal e, ainda assim, apoiar uma responsabilidade pelos outros. Concordo com o capitalismo, e isso não significa uma incongruência com muitos dos pensamentos da ação da Igreja desse mundo: ser os pés e as mãos de Jesus Cristo nesse mundo (afinal o apóstolo descreve a igreja como o Corpo de Cristo), demonstrando o amor dEle a um mundo quebrado e em ruínas.

É isso pessoal, grande abraço.

Estejam nas garras da graça.

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Primeiros pensamentos

Qual a melhor forma de começar a escrever um blog? Talvez descrevendo-o. Apesar do risco do texto tornar-se cansativo, permaneço com essa propensão. Eu, Bruno Moreira, sou uma pessoa muito influenciada; digo, em minha caminhada pelo Cristianismo tenho buscado me espelhar em diversas pessoas. Poderia citar desde os exemplos de minha igreja local, dentre os quais estão muitos diáconos e os pastores (falarei deles mais tarde), grupos como Hillsong United e Delirious? até autores famosos como Max Lucado, Ed René Kivitz, Brennan Manning, C. S. Lewis e outros. A minha proposta é construir um blog a respeito do cristianismo no qual eu pudesse expressar aquilo que está em meus pensamentos. Sei que dentre tantos blogs cristãos que existem, como o excelente "Outra Espiritualidade" do pastor Ed René Kivitz, o meu será como que um dos menores. Não tenho por presunção me equiparar a esses grandes pensadores e teólogos que publicam seus pensamentos. O que se verá por essas páginas será mais próximo àquilo que alguém com pouco conhecimento - mas grande interesse - por teologia tenta conjecturar. Resultado de vivências da vida, influência de pessoas que observo, livros que leio, cds que ouço e outras situações que encontramos nessa muitas-vezes-doida vida.
Em relação ao título do blog, escolhi "In The Mystery", o nome de uma excelente música do Hillsong. Uma das coisas que eu acho impressionante nessa música é justamente o título, afinal, se pararmos para pensar no mistério de tudo isso... Sim, eu sei que Deus me amou de tal maneira ao ponto de ter enviado o seu único Filho. Mas, como assim? Um Deus perfeito que se torna um homem para morrer por alguém que nunca irá sequer merecer esse amor? Sim, isso é verdade; a doce palavra de vida: Graça - como diz Lucado. Mas ainda assim, o porquê de Deus ter me amado de tal forma? É um mistério.. Vivemos nesse mistério.. Mas é justamente o "absurdo" (entenda a palavra) de isso tudo que faz o amor de Deus ser o que é: infalível, incomparável, um mistério permeado de graça. Sei disto: teremos a eternidade toda para tentarmos compreender o mistério do amor de Deus, e ainda assim esse assunto será inesgotável em nossas conversas. Até esse dia chegar, contemos essa história.