segunda-feira, 29 de junho de 2009

Ganância, guerra e o drama humano

"Eu poderia comprar uma arma e começar uma guerra, se você conseguir me disser alguma coisa pela qual valha a pena lutar" A Rush of Blood to The Head - Coldplay

De fato esses são temas que me atraem. Penso no drama humano. Lembro-me da História, que é, em grande parte, uma sucessão de guerras, lutas e desesperanças.

Realmente conheço pessoas maravilhosas que, caso vivessemos em uma situação de guerra civil, como a norte americana, consigo vê-las apaixonadamente falando dos nossos ideais, dos nossos motivos para lutar.. Consigo ver que, a não ser por uma estrutura delicada que a sociedade construíu, talvez estivéssemos constantemente em guerras.

Não aquelas guerras horríveis, mas sim a versão idealizada, romantizada e pela qual, provavelmente, daríamos nosso sangue num campo de batalha... Por nós. Pelas pessoas que amamos. Pelos nossos ideais.

Por outro lado, lembro me que existe apenas uma pequena linha de abstração que faz termos tal imagem positiva (!) do belicismo. Por trás dela existe um background de sofrimento, violência, a crueza da guerra.

Por que os seres humanos correm atrás da corrupção, da ganância e da violência? Vendo o filme Trama Internacional, mais uma vez fiquei a refletir sobre o drama humano.

Sei que muitos teriam respostas prontas para me dar. Não busco, porém, respostas. Basta-me o sentido. Fazer as perguntas certas, mesmo sabendo que não existem respostas simples a elas... creio que é isso que nos torna mais humanos.

Não tenho todas as respostas para a crise em Darfur. Não consigo equacionar direito a questão da ganânca humana. Consigo apenas me condoer. Chorar. Refletir, sim. E quem sabe aprender algo com tudo isso?

Minha sinceridade nesse blog pode assustar. Confesso que balanço entre um desejo genuíno por paz e uma estranho sentimento pela guerra.

Cito apenas uma letra do Delirious?. Creio, de todo meu coração, que Jesus veio iniciar, também, uma revolução de amor, uma revolução de esperança. Um dia, aquele dia de paz chegará.

Como será glorioso.

"Como pode ser que Deus é amor?
Quando o sangue rola pela terra
e pais perdem seus únicos filhos
Onde está a esperança?
Oh Deus nós oramos pelo dia da fita branca

Como Tu podes ter amor?
Quando o sangue correu naquela rude cruz
Seu Pai deu o seu único Filho
Tu vieste por paz
Tu vieste para morrer pelo dia da fita branca

E nós oramos por paz
para inundar nossos corações de novo
Somente Deus pode salvar nossa nação agora
E nós pedimos por alegria para encher nossas ruas de novo
Somente Deus pode salvar nossa nação agora

Como pode ser que Deus é justo?
Quando a carne é rasgada de jovens e velhos
e crianças correm em campos sangüentos
Onde está a esperança?
Oh Deus nós oramos pelo dia da fita branca

E nós oramos por paz
para inundar nossos corações de novo
Somente Deus pode salvar nossa nação agora
E nós pedimos por alegria para encher nossas ruas de novo
Somente Deus pode salvar nossa nação agora

Aleluia, aleluia
Aleluia pelo dia da fita branca"

*Dia da fita branca indica quando o povo da irlanda passou a usar o adereço com simbolizando o desejo pela paz em sua nação (que estava em determinada situação de calamidade). O original em inglês é White Ribbon Day.

terça-feira, 23 de junho de 2009

Manifesto - Jovens Betesda

Não temos medo de pensar. Temos medo de não amar.

Não temos medo de (re)pensar conceitos sobre Deus, temos medo de não (re)amar como Cristo, quem na realidade não amamos: os mendigos, os pobres, os excluídos, os marginalizados, as crianças africanas, os homens e mulheres de Darfur.

Não temos medo de incertezas. Temos medo que nosso Amor deixe de ser nossa bandeira do Reino de Deus.

Não temos medo de não saber. Temos medo das certezas que prendem Deus a um esquema.

Não temos medo de questionar dogmas. Temos medo de que os dogmas impeçam transformação de vidas.

Não temos medo do inferno. Temos medo de que nossas mãos se fechem, e não possam ajudar o nosso próximo a sair de sua existência-inferno. Ou pior, que as nossas próprias mãos sejam as quais o empurra para esta existência-inferno.

Não temos medo de devanear teorias loucas. Temos medo que a loucura desse mundo violento cegue nossos olhos a ponto de sempre que pararmos num farol, nesta cidade-sombria, fechemos nossos vidros para a sinceridade dos filhos da injustiça.

Não entendemos como problema sair do molde da teologia sistemática. Temos medo de sistematizar Deus e modela-lo a algum padrão.

Nós não temos medo de chorar por nós mesmos. Nós temos medo de que não mais choremos o choro dos outros.

Não sentimos culpas pelas nossas dúvidas. Mas pedimos que nos lembre sempre de amar como Cristo.

Não temos medo ter uma fé cheia de espelhos em enigmas e em partes, que não tem a precisão de um "face a face". Temos medo de perder o que existe de mais precioso: Amar.

Não temos medo de balançar alicerces religiosos construídos por pensamentos humanos. Temos medo de perder a doçura e a simplicidade de Jesus.

Não temos medo de sermos rejeitados pela instituição. Temos medo da hipocrisia religiosa.

Não temos medo de sermos chamados de herege. Temos medo de compactuar com o sistema religioso e seus interesses, e esquecermos de amar pessoas.

Não temos medo de nos manifestar a favor de alguém. Desde que esse alguém não se esqueça que o conceito central do cristianismo é o amor, e, portanto, não organize piquetes em portas de igrejas a fim de desmoralizar um ser humano.

Aprendemos que não podemos ficar presos às amarras da religião e da instituição.
Aprendemos que Deus está acima da religião.
Aprendemos que no Reino não importa o que se pensa, importa o que se ama.
Aprendemos a olhar pessoas como filhos de Deus, e amá-las incondicionalmente.

Aprendemos que qualquer um que tenta abrir os olhos de pessoas encabrestadas pela religião, acaba sendo queimado na fogueira da instituição.

Estamos seguros que o Verdadeiro Amor lança fora todo medo, e por isso não temos medo de caminhar com alguém que nos ensina a lidar responsavelmente com a liberdade do amor.

Manifesto - Juventude da Igreja Assembléia de Deus Betesda - Pr. Ricardo Gondim

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Sentido da vida.. (2)

Apenas cito um pequeno insight de um amigo meu. Não estou dizendo se concordo ou não, mas tenho certeza que, mesmo não concordando, pode-se aprender algo, expandir o pensamento com isso que ele disse.

Em um conversa a gente tocou no assunto que tanto é debatido/procurado a respeito do sentido disso tudo... o sentido da existência. Em determinada hora ele disse que o talvez o amor de Deus seja tão grande, mas tão inexplicável que não exista sentido algum na vida. Na verdade, Deus nos ama tanto, que Ele pode ter nos dado um papel em branco para que a gente defina o nosso objetivo.

Talvez algúem pudesse perguntar "Deus, qual é o sentido da vida?", e então Ele responderia "Decida por você mesmo, eu te dei essa liberdade, esse presente".

Segundo as palavras desse meu amigo, "isso seria um grande amor, um amor inexplicável".

Sentido da vida..

Creio que o sentido da vida não é algo objetivo.

O sentido é muito mais um modo de ir do que um lugar onde chegar, como diria Ed René Kivitz.

Para mim, estar presente em cada momento, e viver o sentido de cada momento são essenciais para se ter uma vida completa.

Conhecer a Cristo é a única coisa neste mundo que pode nos fazer ter uma vida com abundância. Como Ele mesmo disse, Ele é o caminho, a verdade e a vida.

Nele tenho de que Deus se reconciliou com a humanidade através do sacrifício de Cristo - um amor que ultrapassa o entendimento e a lógica. Sendo assim, torno-me um agente de reconciliação nas relações homem-Deus e homem-homem.

Nele tenho esperança. Esperança de viver cada dia com a força necessária que ele me deu para enfrentar. Sei que Deus me criou de modo único. Com Sua presença me encorajando a cada dia, sei que posso ter esperança para viver intensamente, verdadeiramente, trascendentemente.

Nele tenho amor. O amor de Deus foi expresso ao mundo através da Cruz de Cristo, logo nós temos o dever de expressar esse amor a todos. Viver abudantemente é viver amando. Amar o próximo, a natureza, os pobres e oprimidos, todos. Devemos quebrar as barreiras de dinheiro, cor, orgulho e crença e amar incondicionalmente. Não estou dizendo que todos os caminhos levam a Deus. A cruz de Cristo é o único modo de reconciliação entre Deus e homem, tudo que temos que fazer é simplesmente aceitar esse presente que nos foi dado. O que estou dizendo, porém, é que não vou deixar de amar, de ajudar e me importar com alguém só por que ele pertence a outra religião. Pelo contrário, fazendo isso, eu estaria traindo o próprio caminho de Cristo que eu tanto tento seguir.

Fé, esperança e amor. Será que viver cada dia com esse propósitos não é mais animador do que "estabelecer planos e objetivos" para viver com um objetivo? Infelizmente, para um geração moderna e raciocinólatra (viciado na "razão") um livro que tenha "cinco passos" ou "as 10 leis" fará mais sentido. Eu porém, prosseguirei no mistério, na jornada, naquilo que não posso entender apenas com o lado esquerdo do cérebro.

Céu, inferno, eternidade e Platão

Tenho tido problemas com a maneira tradicional com que as pessoas vêem os conceitos teológicos. Em minha jornada pela teologia tenho percebido o quanto a teologia têm errado ao longo dos séculos ao importar conceitos gregos como próprios da teologia bíblica.

Santo Agostinho, por exemplo, foi um daqueles que, nos primeiros séculos do Cristianismo, passou a utilizar conceitos filosóficos da sociedade grega para interpretar/desenvolver a teologia. Um dos influenciadores de Agostinho foi Platão.

Para Platão, existe uma dicotomia entre a alma e o corpo, sendo o corpo, mau, e o espírito, bom. Nesse cenário, a nossa vida terrena e nosso corpo mortal não passa de um empencilho, um obstáculo que deve ser superado em uma vida superior, acorporal e depois da morte.
Boa parte das interpretações medievais do Céu e do Inferno foram influenciados por essa dicotomia corpo/alma. Infelizmente.

Para o cristianismo, porém, o corpo não é um empencilho. Concordo com C. S. Lewis quando ele diz que o Cristianismo é a única religião que valoriza o corpo ao invés de desprezá-lo. Ed René Kivitz entra por esse mesmo caminho em seu livro "Vivendo com Propósitos".

De onde temos a idéia de um Céu formado por "gasparzinhos" em alguma espécie de vida estática e monótona? De onde tivemos a idéia de um inferno dantesco, como uma eterna Auschitws na qual pessoas sofrerão eternamente nas mãos de um Deus irado?

Desculpe-me, antes de continuar já aviso que posso estar errado em meus pensamentos.

Minha opinião permanece, porém, de que isso tudo é um reflexo de uma visão completamente medievalizada a respeito da eternidade, do Céu e do Inferno. Não seria justamente essa visão (que merecidamente remonta às "Idade das Trevas") que fez com que muitos pensadores brilhantes desdenhassem do cristianismo ao longo dos séculos? Será que muitos adolescentes não poderiam deixar de crer no cristianismo, na história de amor e resgate de Deus pela humanidade, devido à irracionalidade de algumas descrições do Céu e do Inferno que foram influenciados, inclusive, por mitos pagãos a respeito de um lugar de fogo após a morte?

Não digo, com isso, que não creio em Céu e Inferno. Esses dois lugares estão realmente respaldados pela Bíblia a respeito de sua existência. Mais uma vez, o que contesto é a visão influenciada por pensadores gregos, Platão (corpo vs. alma), era medieval e mitos pagãos que hoje em dia se conhece a respeito desses lugares.

Alguns pontos:
- O céu está muito mais para uma Terra restaurada do que um lugar além desse mundo. Não será necessário sair do tempo-espaço para estarmos na Cidade Eterna de Deus. Pelo contrário, no final da narrativa apocalíptica, é o Céu que vem para a Terra, e não o contrário.
- Não existem "gasparzinhos". O que é valorizado no Cristianismo não é uma "libertação do corpo" platônica, e sim uma RESSUREIÇÃO desse corpo. O corpo e valorizado.
- O inferno na Bíblia em português é a tradução de quatro palavras diferentes nos originais.

Sei que esse post deveria ser muito mais completo e complexo. Não me vou me estender, porém. Provavelmente continuarei minhas contestações à influência grega sobre o cristianismo; deveríamos entender o pensamento hebraico a respeito do mundo, faz muito mais sentido.
Termino apenas citando uma frase "quando os filósofos [gregos] falam, os profetas [da Bíblia] se calam".